terça-feira, 15 de julho de 2008

Hancock

Por Diego Araújo
Nunca se produziu tantos filmes de super-heróis como nesta década. A razão não é nenhum mistério: o fato é que o tema nunca deu tanto retorno aos estúdios. Depois de algumas tentativas sofríveis, Hollywood percebeu algo que os fãs de quadrinhos já sabiam há anos: estes personagens, um tanto excêntricos e bastante icônicos, também podem gerar histórias comoventes, profundas e divertidas. Enfim, abrangentes. Pois ao contrário do que se imaginava há algum tempo, os heróis são capazes de atrair um público bastante amplo – a prova são sucessos de bilheteria e crítica como Homem-Aranha 2, Homem de Ferro e Batman Begins.

Hancock se propôs a dar um passo além no estilo. A carta na manga? Investir em um roteiro original com um personagem nada convencional, interpretado por um dos astros mais carismáticos do cinema.

Will Smith (Eu sou a Lenda; À Procura da Felicidade) encarna um herói cujo “índice de aceitação pública” não é dos mais favoráveis. Alcoólatra, inconseqüente e boca suja, John Hancock definitivamente passa longe da imagem de campeão da justiça que os cidadãos esperam de um sujeito dotado de invulnerabilidade, vôo e super-força. Mesmo não deixando de cumprir sua “função”, suas ações estabanadas costumam causar mais prejuízo do que os próprios crimes que impede. Mas ele tampouco parece se importar. Ou pelo menos é o que pretende transparecer, entre uma garrafa e outra de vinho.

No entanto, a vida de Hancock toma rumos inesperados no dia em que ele salva a vida de Ray Embrey (Jason Bateman, de Juno), um relações públicas não muito bem-sucedido, porém bastante sonhador. Como forma de agradecimento, Ray toma como missão pessoal transformar a imagem do herói. A empreitada, porém, não é vista com bons olhos por sua esposa, Mary (Charlize Theron, Terra Fria; Monster), que demonstra um claro e crescente desconforto na presença de Hancock.

A primeira parte da trama enfoca basicamente a interação de Hancock com um mundo no qual é um ser claramente deslocado. A representação bastante realista da cidade de Los Angeles e sua relação com o superpoderoso é mostrada de maneira bastante fluída, com ótimas sacadas de humor. Competente como de costume, Smith consegue retratar um personagem palpável, que envolve emocionalmente a platéia. Por trás do jeito marrento do anti-herói, é possível enxergar alguém que gostaria de ser compreendido e aplaudido. O problema é que ele mal sabe algo sobre si mesmo, o que torna mais difícil que abandone sua expressão de poucos amigos.

Á medida que embarca em seu processo de “reabilitação”, porém, o protagonista é exposto a situações que revelam os verdadeiros motivos de sua solidão. Com isso, o segundo ato do filme sofre uma estranha mudança de rumos, ganhando uma carga dramática que não condiz com o que vinha sendo apresentado até então. Por um lado compreende-se a intenção dos autores de surpreender o público, abordando aspectos da relação entre os personagens até então impensados. A idéia, porém, é pouco aprofundada e sua execução deixa muito a desejar.

No balanço final, é certo que se esperava mais de Hancock. O que poderia ser uma produção revolucionária acabou perdendo tal potencial, devido ao roteiro que não soube amarrar bem os momentos dramáticos com os de comédia. Ainda assim, é um bom filme, que merece seu lugar no crescente gênero dos super-heróis.

2 comentários:

Victor Martins disse...

Hehe!!!

Achei muito massa a idéia desse filme. Confesso que ainda não fui ao cinema para assistir, mas, é claro, pretendo ir.
Bom, pelo menos nos trailers me agradou. Mas isso não justifica um filme bom de verdade.
Quantas vezes fui enganado por trailers magníficos e tals, mas quando fui ver o era uma porcaria.

Marco Paulo disse...

O filme é fraco. Fica chato. Mas é wiskey que ele bebe, e não vinho. Diria ele que vinho é para "assholes".