sábado, 25 de outubro de 2008

Metallica - Death Magnetic

Por Rafael Ordóñez

Bom, depois de algumas viagens e muito atraso, aqui estou eu pra falar de um lançamento que, pra muitos, não entra nem numa lista de 10 favoritos do ano por exemplo, mas talvez tenha sido, de longe, a maior (e melhor) surpresa de 2008, com relação ao Rock, lógico.




E essa surpresa tem nome: Death Magnetic. Primeiro de estúdio do Metallica desde o fiasco St. Anger (2003), lançado a 12 de setembro de 2008 em todo o mundo pela Warner Bros Records em versões de LP's e Boxes além do CD convencional, produzido por Rick Rubin (conhecido pelo trabalho com o Slayer). Mas antes de mais detalhes, um pouco de história, mesmo que bem resumida, pra contextualizar.



O Metallica foi, e ainda é uma das maiores influências na história de música pesada, e seria redundante gastar linhas e mais linhas me derretendo em elogios à fase àurea da banda, então, falemos sobre o que fez a banda pra que fundasse seus alicerces na mundo da música.


Kill 'Em All (1983): O primeiro álbum do Metallica, considerado por muitos fãs mais antigos, o melhor trabalho da banda. Foi um dos precursores do thrash metal americano, uma vertente mais rápida e mais pesada do Heavy Metal tradicional inglês. Musicalmente falando, o álbum é justamente como manda o estilo: rápido e pesado. Também foi aqui que ficou marcada a formação clássica da banda, com James Hetfield no vocal e guitarra base, Kirk Hammet na guitarra solo, Cliff Burton no baixo e Lars Ulrich na bateria, que seguiu até o clássico Master Of Puppets.

Ride The Lightning (1984): No segundo trabalho de estúdio, a banda diminui a velocidade e mostra grande evolução técnica, além de composições memoráveis como For Whom The Bell Tolls, e a balada Fade To Black. "Inspiração" talvez a palavra chave pra definir esse álbum.

Master Of Puppets (1986): Aqui temos um dos melhores álbuns de Heavy Metal já lançados. O tracklist é composto por grandes clássicos do início ao fim. É impossível não sentir a vontade de quebrar alguma coisa ao som de Battery, não se empolgar com o riff da faixa título, ou não se emocionar com a instrumetal Orion. Esse disco é o meu favorito do Metallica, assim como de 80% dos fãs da banda, generalizando.

...And Justice For All (1988): Disco que marca a morte do baixista Cliff Burton, uma das maiores perdas no mundo do rock, e a entrada de Jason Newsted. E o clima fúnebre se reflete na música da banda. O álbum apresenta composições bem maiores e mais trabalhadas do que de costume, e todas de caráter obscuro. Aqui também foi de onde saiu o primeiro videoclipe da banda, pra faixa One.

Metallica/Black Album (1991): Divisor de águas na carreira da banda e maior sucesso comercial obtido. Talvez seja essa a melhor definição para o Black Album, que apesar de ser um ótimo disco, apresenta outro Metallica. Uma das produções mais influentes até os dias de hoje, vinda das mãos de Bob Rock, o álbum é ícone de uma geração. Vale também lembrar que o clipe de Enter Sandman encheu o saco de muita gente ao ser exibido exarcebadamente no canal MTV na época.

Load (1996): Aqui começa a descida na montanha russa do Metallica. O álbum contém algumas boas composições como Until It Sleeps e Wasting My Hate, mas de resto é pouco convincente. O thrash metal praticado pela banda nos anos 80, que já mostrava sinais de desaparecimento em Black Album, aqui já não existe mais, dando lugar a um rock moderno e extremamente comercial.

Reload (1997): Nada mais do que a continuação de Load. Apresenta alguma faixas melhores do que as de seu antecessor, como Fuel e The Unforgiven II (essa que repete a fórmula de sua irmã mais velha, contida em Black Album, e é muito boa).

S&M (1999): Como é um álbum ao vivo, seria encher linguiça falar dele aqui, não fosse pelo fato de ser uma gravação extremamente superestimada, quando é no máximo interessante por ter sido gravado ao lado da Orquestra Sinfônica de São Francisco. Aqui são revisitados alguns clássicos dos anos 80 e alguma faixas mais novas.

St. Anger (2003): Depois de muita terapia e do lançamento do famigerado documentário Some Kind Of Monster, o Metallica aparece com seu mais novo álbum de estúdio e... BAM! Cai de costas no fundo do poço! Alguns dizem que foi culpa da produção de Bob Rock, outros que a banda tentou cair na do New Metal, etc... mas o que todos tem certeza é de que esse álbum é insuportável. Vocais e guitarras incoerentes e mal mixadas e a famosa bateria com som de baldes e panelas, além do baixo que não se ouve. E por falar em baixo, esse álbum também marca a saída de Jason Newsted e a entrada e Rob Trujillo.

E depois de muita enrolação... Death Magnetic (2008):

Ao dar o play, não se sabe o que esperar ao ouvir uma estranha batida de coração como intro. Talvez seja esse o sentimento em que o fã se encontra ao dar o play em um álbum que vinha causando extremo alvoroço no mundo musical antes de seu lançamento... e por que não depois?

A batida, que após alguns segundos se torna a pesada e ótima That Was Just Your Life, é certa. A espera valeu. E o que se segue não desaponta. Da primeira faixa à quarta, The Day That Never Comes, a banda não deixa cair a peteca, e, ao chegar na faixa de número 5, a impressão que tive aos (exatos) 0:37 segundos, foi de estar ouvindo a guitarra de Kerry King (Slayer) "moendo" na melhor faixa do disco, All Nighmare Long.

Logo após, temos a (me desculpem) horrível Cyanide, que não convence, e acaba por ser uma filler, mesmo que esteja entre as favoritas dos membros da banda. The Unforgiven III não remete às anteriores, mas é uma boa faixa e uma jogada comercial melhor ainda. The Judas Kiss novamente levanta o astral do disco, e mostra que o Metallica ainda está aí, mesmo que o vocal de James Hetfield não esteja lá aquela maravilha, e o velho Lars Ulrich não esteja mais tocando tanto quanto antes, ao contrário do baixista Rob Trujillo, que vive uma ótima fase, e encontrou liberdade pro seu instrumento nesse disco. Por último, Kirk Hammet, que não tirou o pé do wah-wah por nada nesse álbum, continua com boa performance, e aparentemente, não mostra sinais de decadência.

A instrumental Suicide & Redemption é uma filler que mais lembra uma jam inspirada, e a última faixa, My Apocalypse é uma música da qual não se tem do que reclamar, tanto que já rendeu à banda um videoclipe.

Os primeiros reviews que li sobre Death Magnetic, não se continham em comparações à discos anteriores, por exemplo: "uma mistura de ...And Justice For All e Black Album...", e acho que importante ressaltar que comparações do gênero são injustas à carreira da banda, visto que Death Magnetic é nada mais do que o reerguimento da banda à classificação "Metal".

Tracklist:

"That Was Just Your Life" – 7:08
"The End Of The Line" – 7:52
"Broken, Beat & Scarred" – 6:25
"The Day That Never Comes" – 7:56
"All Nightmare Long" – 7:57
"Cyanide" – 6:39
"The Unforgiven III" – 7:46
"The Judas Kiss" – 8:00
"Suicide & Redemption" – 9:57
"My Apocalypse" – 5:01


Nota: 8,0 - como eu tinha dito, não é uma obra prima, mas sim, uma grande supresa.

Por hora, este foi meu último - se é que posso chamar assim - review. Qualquer dúvida, sugestão, xingamento ou crítica, faça um comentário direto no blog, mande um e-mail pra noanchovas@yahoo.com.br, ou me procure por aí.

Antes do fim do ano, apareço novamente por aqui pra falar do novo disco do AC/DC - Black Ice - que com certeza, estará na minha lista de 10 melhores do ano!

Obrigado!