terça-feira, 26 de agosto de 2008

Crítica: Star Wars - The Clone Wars


(Star Wars – The Clone Wars, USA. 2008. 98 min. Animação, Aventura, Ficção Científica)
Direção: Dave Filoni
Roteiro: Henry Gilroy, George Lucas
Elenco (vozes): Matt Lanter (Anakin Skywalker), Ashley Eckstein (Ahsoka Tano), James Arnold Taylor (Obi-Wan Kenobi), Tom Kane (Yoda), Samuel L. Jackson (Mace Windu), Christopher Lee (Conde Dookan).


Uma vez que você entra na teia de George Lucas, é difícil escapar. A armadilha foi preparada há mais de trinta anos, quando chegou aos cinemas o primeiro filme da saga Star Wars (Guerra nas Estrelas). A trajetória da família Skywalker e Cia não só revolucionou a indústria do cinema, mas cativou gerações. Quando se é fisgado por este universo de aventura mítica em uma galáxia muito distante, sempre há expectativa pelo próximo capítulo. Mesmo quando eles não valem os trocados que dispomos para engordar ainda mais o bolso do Sr Lucas. O fato é que cada anúncio de uma nova produção parece gerar nos fãs, literalmente, Uma Nova Esperança.


O anúncio da nova trilogia causou rebuliço, mas ficou aquém do esperado. A expectativa era por uma fantástica história tensa e dramática sobre como Anakin Skywalker, destinado a ser o maior Cavaleiro Jedi de todos os tempos, se converteu no temível Darth Vader. Q que acabamos vendo na tela foi um espetáculo visual apurado, mas munido de um roteiro pouco inspirado. No entanto, é engraçado notar que o reacendimento do interesse pelo universo Star Wars gerou ótimos produtos fora do cinema, que compensaram o desempenho morno dos filmes. No meio destes destacou-se a animação Star Wars: Guerras Clônicas. Exibida no canal Cartoon Network, a série era composta de episódios curtos dirigidos por Genndy Tartakovsky, criador de O Laboratório de Dexter e Samurai Jack. A qualidade da ação e das tramas apresentadas no desenho ofuscou os próprios filmes, mostrando que as guerras ocorridas entre os episódios II e III poderiam ser amplamente exploradas. Daí surgiu a idéia de se fazer uma nova série, agora em animação computadorizada, explorando melhor o potencial desse aspecto da franquia.

O Cavaleiro Sombrio e a menina prodígio

O longa que chega agora aos cinemas é uma compilação do primeiro arco de episódios da nova telessérie. A guerra está cada vez mais acirrada entre a República e os Separatistas, com ambos os lados percorrendo a galáxia em busca de apoio. A fim de conseguirem forjar uma aliança com o poderoso contrabandista Jabba – o Hutt – os Republicanos enviam o cavaleiro jedi Anakin Skywalker em uma importante missão. Junto a ele, uma companhia inesperada e mal recebida: a jovem Ahsoka Tano, escolhida para ser aprendiz (padawan) do impulsivo herói. No seu caminho, eles serão perseguidos pelo sinistro Conde Dookan e sua principal assassina, Asajj Ventress, que tentarão a todo custo frustrar seus planos.

"Poder do Mito"? O negócio de Lucras agora é cores, luz e sons de combate

A introdução da nova personagem, Ahsoka Tano, gera sentimentos dúbios. Ver Anakin lidando com uma padawan pode parecer estranho inicialmente, mas faz sentido ao percebermos que essa missão foi dada para que ele aprendesse a lidar melhor com a responsabilidade de seus atos. Quando interagem, porém, a dupla fica parecendo mais um casal de irmãos trocando farpas e competindo entre si, apesar da inegável empatia. Uma decorrência engraçada do surgimento de Ahsoka nos faz pensar: levando em conta o fato de que ter sido a única aprendiz de Anakin é algo relevante, o que deve ter ocorrido com ela para que sequer fosse mencionada nos outros capítulos da saga? A resposta mais convincente que me vem à mente só pode ser “um fim extremamente trágico” (me desculpem crianças).

A melhor fase cena do videogame filme


E por falar em diálogos e relações, é na hora que os sabres são apagados que surge o principal defeito da animação. A expressividade facial e de movimentos sutis estão muito aquém do que vemos hoje em dia em produções 3D para cinema. Um mergulho mais a fundo nos fundamentos das obras-primas da Pixar e até mesmo de clássicos 2D da Disney trariam um ganho neste sentido. Por outro lado, o visual cartunesco e altamente estilizado é um ponto positivo que ameniza tais características.


Clone Wars está muito distante de ser uma peça relevante para a hexalogia de filmes. Seu objetivo é claramente proporcionar uma boa dose de aventura que gere expectativa para a nova série animada, na qual o diretor insiste que a trama terá maior destaque. Com o espírito despretensioso de quem gostaria de revisitar velhos lugares e presenciar uma boa ação jedi, o espectador deverá sair satisfeito do cinema. As seqüências de combate envolvendo os Clone Troopers e, principalmente, a cena da batalha na montanha são realmente sensacionais. Quanto àquela sensação de sair do cinema cativado por personagens inseridos numa saga realmente heróica, ainda não foi dessa vez que Lucas fez jus ao próprio legado.


Nota: 6,5/10 (Se tiver a paciência de remover as anchovas, a calabresa dá pro gasto)

Por Diego Araújo

sábado, 2 de agosto de 2008