quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

AC/DC - Black Ice

Por Rafael Ordóñez

Festas de final de ano... cerveja vai, cerveja vem... somadas à um copo e outro de champanhe e todos muito bem acompanhados de maravilhosas ceias, sejam elas de natal ou réveillon... Enfim, constituem uma boa, ou não, desculpa pela minha fatídica falta de compromisso para comigo mesmo. 2008 passou à algumas horas e aqui estou eu - atrasado - pra cumprir a promessa da minha última postagem.

Black Ice é o 15º álbum de estúdio lançado pelo AC/DC, mundialmente entre os dias 17 e 22 de outubro de 2008, produzido por Brendan O’Brien (Stone Temple Pilots, Pearl Jam, etc.). A formação atual conta com os irmãos Angus e Malcolm Young (guitarras), o vocalista Brian Johnson, o baixista Cliff Williams e o baterista Phil Rudd.


Não é fácil analisar superficialmente os trabalhos de uma banda como o AC/DC, que mantém certa regularidade em sua música. Claro que analisando friamente existem muitas, mas não grandes diferenças ao longo dos lançamentos, visto que, além da troca de vocalistas entre Highway To Hell (1979) com o vocalista Bon Scott, falecido a fevereiro de 1980, e Back In Black (1980) com o atual vocalista Brian Johnson, tivemos uma constante troca de produtores e a constante evolução da banda.

Black Ice, assim como Back In Black, segue um caminho mais voltado ao lado comercial, tenha sido essa a intenção da banda ou não. A primeira faixa, Rock’n’Roll Train (também primeiro single) é prova disso: é extremamente grudenta e tem altíssimo potencial de circulação em rádios. E, apesar de tudo, foi a única do disco que não me agradou em cheio. A partir disso seria mais fácil dizer que o resto do álbum seja puro êxtase musical, o que de fato é. Porém, aqui vai um breve parecer sobra cada faixa.

Skies On Fire, assim como Rock’n’Roll Train, tem uma levada calma e que no refrão consegue levantar qualquer platéia. Big Jack rapidamente me remeteu ao clássico Back In Black devido à esganiçada maneira de cantar de Brian Johnson e talvez nesse mesmo contexto se encaixe Anything Goes. A seguinte, War Machine é puro peso e tem alguma coisa de The Razor’s Edge (1990). Smash’n Grab ganha o ouvinte no riff, que é muito cativante e até dançante, e é também no riff, safado, diga-se de passagem, que a pesada Spoilin’ for a Fight encanta. O rock’n’rollzaço de Wheels, de maneira alguma decepciona um fã do AC/DC. Decibel me lembrou na hora The Jack, do álbum High Voltage (1976), devido ao vocal quase falado. Stormy May Day é uma faixa impressionante, com um riff bluesy maravilhoso, uma das melhores do disco. She Likes Rock’n’Roll é outra grudenta e que conta os característicos backing vocals do AC/DC, assim como sua sucessora Money Made. Rock’n’Roll Dream é uma semi-balada de deixar qualquer fã com água na boca, com direito a refrão explosivo e tudo mais. Rocking All The Way me levou novamente ao Back In Black, mais precisamente à faixa Given The Dog A Bone, mas não me tirou a expectativa para a última faixa, Black Ice. É impossível não se empolgar ao ouvir o riff dessa música que é puro peso, quem dirá então o refrão... é ouvir pra crer.

No mais... Nota: 10,0 – discaço de uma bandaça! O melhor desde Back In Black e um dos melhores de 2008 disparado.

Novamente, agradeço a todos que ainda lêem o NOanchovas, que tem andado meio parado nos últimos meses, e aproveito pra aqui deixar o meu feliz 2009 a todos que tem, tiveram ou vão ter alguma relação com o blog!


Abraços e um 2009 cheio daquilo tudo que desejarem!

sábado, 25 de outubro de 2008

Metallica - Death Magnetic

Por Rafael Ordóñez

Bom, depois de algumas viagens e muito atraso, aqui estou eu pra falar de um lançamento que, pra muitos, não entra nem numa lista de 10 favoritos do ano por exemplo, mas talvez tenha sido, de longe, a maior (e melhor) surpresa de 2008, com relação ao Rock, lógico.




E essa surpresa tem nome: Death Magnetic. Primeiro de estúdio do Metallica desde o fiasco St. Anger (2003), lançado a 12 de setembro de 2008 em todo o mundo pela Warner Bros Records em versões de LP's e Boxes além do CD convencional, produzido por Rick Rubin (conhecido pelo trabalho com o Slayer). Mas antes de mais detalhes, um pouco de história, mesmo que bem resumida, pra contextualizar.



O Metallica foi, e ainda é uma das maiores influências na história de música pesada, e seria redundante gastar linhas e mais linhas me derretendo em elogios à fase àurea da banda, então, falemos sobre o que fez a banda pra que fundasse seus alicerces na mundo da música.


Kill 'Em All (1983): O primeiro álbum do Metallica, considerado por muitos fãs mais antigos, o melhor trabalho da banda. Foi um dos precursores do thrash metal americano, uma vertente mais rápida e mais pesada do Heavy Metal tradicional inglês. Musicalmente falando, o álbum é justamente como manda o estilo: rápido e pesado. Também foi aqui que ficou marcada a formação clássica da banda, com James Hetfield no vocal e guitarra base, Kirk Hammet na guitarra solo, Cliff Burton no baixo e Lars Ulrich na bateria, que seguiu até o clássico Master Of Puppets.

Ride The Lightning (1984): No segundo trabalho de estúdio, a banda diminui a velocidade e mostra grande evolução técnica, além de composições memoráveis como For Whom The Bell Tolls, e a balada Fade To Black. "Inspiração" talvez a palavra chave pra definir esse álbum.

Master Of Puppets (1986): Aqui temos um dos melhores álbuns de Heavy Metal já lançados. O tracklist é composto por grandes clássicos do início ao fim. É impossível não sentir a vontade de quebrar alguma coisa ao som de Battery, não se empolgar com o riff da faixa título, ou não se emocionar com a instrumetal Orion. Esse disco é o meu favorito do Metallica, assim como de 80% dos fãs da banda, generalizando.

...And Justice For All (1988): Disco que marca a morte do baixista Cliff Burton, uma das maiores perdas no mundo do rock, e a entrada de Jason Newsted. E o clima fúnebre se reflete na música da banda. O álbum apresenta composições bem maiores e mais trabalhadas do que de costume, e todas de caráter obscuro. Aqui também foi de onde saiu o primeiro videoclipe da banda, pra faixa One.

Metallica/Black Album (1991): Divisor de águas na carreira da banda e maior sucesso comercial obtido. Talvez seja essa a melhor definição para o Black Album, que apesar de ser um ótimo disco, apresenta outro Metallica. Uma das produções mais influentes até os dias de hoje, vinda das mãos de Bob Rock, o álbum é ícone de uma geração. Vale também lembrar que o clipe de Enter Sandman encheu o saco de muita gente ao ser exibido exarcebadamente no canal MTV na época.

Load (1996): Aqui começa a descida na montanha russa do Metallica. O álbum contém algumas boas composições como Until It Sleeps e Wasting My Hate, mas de resto é pouco convincente. O thrash metal praticado pela banda nos anos 80, que já mostrava sinais de desaparecimento em Black Album, aqui já não existe mais, dando lugar a um rock moderno e extremamente comercial.

Reload (1997): Nada mais do que a continuação de Load. Apresenta alguma faixas melhores do que as de seu antecessor, como Fuel e The Unforgiven II (essa que repete a fórmula de sua irmã mais velha, contida em Black Album, e é muito boa).

S&M (1999): Como é um álbum ao vivo, seria encher linguiça falar dele aqui, não fosse pelo fato de ser uma gravação extremamente superestimada, quando é no máximo interessante por ter sido gravado ao lado da Orquestra Sinfônica de São Francisco. Aqui são revisitados alguns clássicos dos anos 80 e alguma faixas mais novas.

St. Anger (2003): Depois de muita terapia e do lançamento do famigerado documentário Some Kind Of Monster, o Metallica aparece com seu mais novo álbum de estúdio e... BAM! Cai de costas no fundo do poço! Alguns dizem que foi culpa da produção de Bob Rock, outros que a banda tentou cair na do New Metal, etc... mas o que todos tem certeza é de que esse álbum é insuportável. Vocais e guitarras incoerentes e mal mixadas e a famosa bateria com som de baldes e panelas, além do baixo que não se ouve. E por falar em baixo, esse álbum também marca a saída de Jason Newsted e a entrada e Rob Trujillo.

E depois de muita enrolação... Death Magnetic (2008):

Ao dar o play, não se sabe o que esperar ao ouvir uma estranha batida de coração como intro. Talvez seja esse o sentimento em que o fã se encontra ao dar o play em um álbum que vinha causando extremo alvoroço no mundo musical antes de seu lançamento... e por que não depois?

A batida, que após alguns segundos se torna a pesada e ótima That Was Just Your Life, é certa. A espera valeu. E o que se segue não desaponta. Da primeira faixa à quarta, The Day That Never Comes, a banda não deixa cair a peteca, e, ao chegar na faixa de número 5, a impressão que tive aos (exatos) 0:37 segundos, foi de estar ouvindo a guitarra de Kerry King (Slayer) "moendo" na melhor faixa do disco, All Nighmare Long.

Logo após, temos a (me desculpem) horrível Cyanide, que não convence, e acaba por ser uma filler, mesmo que esteja entre as favoritas dos membros da banda. The Unforgiven III não remete às anteriores, mas é uma boa faixa e uma jogada comercial melhor ainda. The Judas Kiss novamente levanta o astral do disco, e mostra que o Metallica ainda está aí, mesmo que o vocal de James Hetfield não esteja lá aquela maravilha, e o velho Lars Ulrich não esteja mais tocando tanto quanto antes, ao contrário do baixista Rob Trujillo, que vive uma ótima fase, e encontrou liberdade pro seu instrumento nesse disco. Por último, Kirk Hammet, que não tirou o pé do wah-wah por nada nesse álbum, continua com boa performance, e aparentemente, não mostra sinais de decadência.

A instrumental Suicide & Redemption é uma filler que mais lembra uma jam inspirada, e a última faixa, My Apocalypse é uma música da qual não se tem do que reclamar, tanto que já rendeu à banda um videoclipe.

Os primeiros reviews que li sobre Death Magnetic, não se continham em comparações à discos anteriores, por exemplo: "uma mistura de ...And Justice For All e Black Album...", e acho que importante ressaltar que comparações do gênero são injustas à carreira da banda, visto que Death Magnetic é nada mais do que o reerguimento da banda à classificação "Metal".

Tracklist:

"That Was Just Your Life" – 7:08
"The End Of The Line" – 7:52
"Broken, Beat & Scarred" – 6:25
"The Day That Never Comes" – 7:56
"All Nightmare Long" – 7:57
"Cyanide" – 6:39
"The Unforgiven III" – 7:46
"The Judas Kiss" – 8:00
"Suicide & Redemption" – 9:57
"My Apocalypse" – 5:01


Nota: 8,0 - como eu tinha dito, não é uma obra prima, mas sim, uma grande supresa.

Por hora, este foi meu último - se é que posso chamar assim - review. Qualquer dúvida, sugestão, xingamento ou crítica, faça um comentário direto no blog, mande um e-mail pra noanchovas@yahoo.com.br, ou me procure por aí.

Antes do fim do ano, apareço novamente por aqui pra falar do novo disco do AC/DC - Black Ice - que com certeza, estará na minha lista de 10 melhores do ano!

Obrigado!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Alice Cooper - Along Came A Spider

Por Rafael Ordóñez

Conforme o prometido, aqui estou eu pra falar do segundo de três álbuns de rock que fizeram, não só a minha felicidade, mas de muitos fãs dessa vertente tão querida por todos nós neste segundo semestre.



Apresento-lhes então, Along Came a Spider. 25º trabalho de estúdio de Alice Cooper que segue Dirty Diamonds (2005). O álbum teve lançamento marcado ainda para o ano de 2007, mas devido à problemas de agenda, pudemos conferir as novas faixas de Alice e sua banda, que conta com Keri Kelli e Jason Hook (guitarras), Chuck Garric (baixo), e Eric Singer (bateria, Kiss), somente durante este segundo semestre.

O álbum, conceitual, já introduz o ouvinte à estória logo de cara, com uma narração de Calico Cooper, esposa de Alice. O que se segue, é nada mais do um moderno, e ao mesmo tempo clássico, rock'n roll típico de Alice Cooper de álbuns como Welcome to My Nightmare (1975) e Alice Cooper Goes To Hell (1976), chamado "I Know Where You Live". A introdução proporcionada por essa faixa no mínimo apaixonante e apesar dos elementos modernos presentes, como a produção, remete o ouvinte aos primeiros trabalhos do vocalista ao lado da Alice Cooper's Band.

Alice Cooper

E aquela atmosfera animada e ao mesmo tempo irônica criada com maestria por Alice Cooper predomina por todo o restante do disco, salvo as lindas baladas "Killed By Love" e "Salvation",que, sem dúvida alguma, figuram entre as melhores do vocalista, como "How You Gonna See Me Now" e "I Never Cry".

Um ponto que é importante ressaltar, é que, Along Came a Spider, por ser conceitual, não implica àquela audição massante e cansativa com todos aqueles elementos de produção e composição, como músicas ligadas umas às outras e introduções a cada duas faixas. Muito pelo contrário. As faixas não são interligadas, são individuais e merecem ser ouvidas, cada uma, com bastante atenção, e, imagino que, com o encarte em mãos (fato que não me condiz), a audição Along Came A Spider, deve se tornar uma experiência ainda mais interessante!

Tracklist do álbum:


1 - "Prologue / I Know Where You Live" - 4:21
2 - "Vengeance Is Mine" - 4:26 (Participação de Slash)
3 - "Wake The Dead" - 3:53 (Participação de Ozzy Osbourne)
4 - "Catch Me If You Can" - 3:15
5 - "(In Touch With) Your Feminine Side" - 3:16
6 - "Wrapped In Silk" - 4:17
7 - "Killed By Love" - 3:34
8 - "I'm Hungry" - 3:58
9 - "The One That Got Away" - 3:21
10 - "Salvation" - 4:36
11 - "I Am The Spider / Epilogue" - 5:21

Faixas bônus pro iTunes:


1 - "Shadow of Yourself"
3 - "I'll Still Be There"
4 - "Salvation" (Acústica)

Nota: 9,0 - Excelente lançamento!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Queen - The Cosmos' Rocks

Por Rafael Ordóñez

Desde o final do ano de 2007, vinha matutando comigo mesmo que 2008 seria um excelente ano pra música, principalmente no caso do rock, minha vertente favorita. Com o passar dos meses, minha teoria foi se revelando verdadeira, dados os lançamentos de discos como o maravilhoso Wake The Sleeper, do grupo britânico Uriah Heep, o moderno Good To Be Bad do Whitesnake, e o bombástico Nostradamus do Judas Priest, que apesar de incomum e polêmico, foi de meu agrado.


Após o frio mês de julho, e ao decorrer de agosto e setembro, o lançamento de três maravilhosos discos causaram à este que vos escreve, se é que posso dizer assim, um verdadeiro "orgasmo musical". E, por ordem reversa de audição, falarei um pouco sobre cada um desses 3 discos, ou seja, terão meu parecer sobre o último disco que ouvi.



O novo trabalho de estúdio de Brian May (guitarra), Roger Taylor (bateria) ao lado do vocalista Paul Rodgers, foi uma surpresa esperada. Esperada pois a banda, desde sua união ao veterano vocalista, que já participara das bandas Free e Bad Company, falava na gravação de um novo disco de estúdio. E surpresa porque não consigo pensar em outra palavra para definir minha primeira impressão ao ouvir essa grande atuação da banda que já não conta mais com o lendário Freddie Mercury.

Roger Taylor, Paul Rodgers e Brian May

The Cosmos's Rocks nada mais é do que a reinvenção da música do Queen ao lado de Freddie Mercury. Foram resgatadas características do passado da banda, como a inconfundível marca de Brian May e sua monstruosa técnica, e o rock'n roll de discos como Queen II (1974) e News Of The World (1977), somados à uma produção digna e a experiente voz de Paul Rodgers, que ainda figura entre os melhores vocalistas do mundo, e basta uma pequena audição de seu disco solo ao vivo Live In Glasgow (2007), onde Paul executa vários de seus clássicos da época de Free e Bad Company (além de uma faixa de The Cosmos' Rocks, Warboys), para perceber que o vocalista, mesmo ao vivo, impressiona horrores.

O disco foi lançado a 15 de setembro na Europa, e sua data de lançamento na América do Norte está marcada para o dia 28 de outubro. Sabe-se lá quando será lançado por aqui, tomara que não demore.

As Faixas de The Cosmos' Rocks são:

1."Cosmos Rockin'" - 4:10
2."Time to Shine" - 4:23
3."Still Burnin'" - 4:04
4."Small" - 4:39
5."Warboys (A Prayer for Peace)" - 3:18
6."We Believe" - 6:08
7."Call Me" - 2:59
8."Voodoo" - 4:27
9."Some Things That Glitter" - 4:03
10."C-lebrity" - 3:38
11."Through the Night" - 4:54
12."Say It's Not True" - 4:00
13."Surf's Up... School's Out!" - 5:38
14."Small (Reprise)" - 2:05

Nota: 10,0, com louvor (e em termos de melhores do ano, na minha opinião, só não superou Mr. David Coverdale e o Whitesnake com seu excelente Good To Be Bad).

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Garrafas promocionais da Coca-Cola zero

A Coca-Cola, em parceira com a Sony, diponibilizou uma edição especial de sua franquia de Coca-Cola zero para divulgação do novo filme de 007, Quantum of Solace. As novas embalagens foram disponibilizadas apenas para o Reino Unido.
Confira como ficou:

Além de Daniel Craig, como James Bond, o filme tem no elenco Gemma Arterton, Judi Dench, Jeffrey Wright, Giancarlo Giannini, Anatole Taubman e direção de Marc Foster. A estréia está marcada para o dia 7 de novembro.

Por Víctor Martins.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Crítica: Star Wars - The Clone Wars


(Star Wars – The Clone Wars, USA. 2008. 98 min. Animação, Aventura, Ficção Científica)
Direção: Dave Filoni
Roteiro: Henry Gilroy, George Lucas
Elenco (vozes): Matt Lanter (Anakin Skywalker), Ashley Eckstein (Ahsoka Tano), James Arnold Taylor (Obi-Wan Kenobi), Tom Kane (Yoda), Samuel L. Jackson (Mace Windu), Christopher Lee (Conde Dookan).


Uma vez que você entra na teia de George Lucas, é difícil escapar. A armadilha foi preparada há mais de trinta anos, quando chegou aos cinemas o primeiro filme da saga Star Wars (Guerra nas Estrelas). A trajetória da família Skywalker e Cia não só revolucionou a indústria do cinema, mas cativou gerações. Quando se é fisgado por este universo de aventura mítica em uma galáxia muito distante, sempre há expectativa pelo próximo capítulo. Mesmo quando eles não valem os trocados que dispomos para engordar ainda mais o bolso do Sr Lucas. O fato é que cada anúncio de uma nova produção parece gerar nos fãs, literalmente, Uma Nova Esperança.


O anúncio da nova trilogia causou rebuliço, mas ficou aquém do esperado. A expectativa era por uma fantástica história tensa e dramática sobre como Anakin Skywalker, destinado a ser o maior Cavaleiro Jedi de todos os tempos, se converteu no temível Darth Vader. Q que acabamos vendo na tela foi um espetáculo visual apurado, mas munido de um roteiro pouco inspirado. No entanto, é engraçado notar que o reacendimento do interesse pelo universo Star Wars gerou ótimos produtos fora do cinema, que compensaram o desempenho morno dos filmes. No meio destes destacou-se a animação Star Wars: Guerras Clônicas. Exibida no canal Cartoon Network, a série era composta de episódios curtos dirigidos por Genndy Tartakovsky, criador de O Laboratório de Dexter e Samurai Jack. A qualidade da ação e das tramas apresentadas no desenho ofuscou os próprios filmes, mostrando que as guerras ocorridas entre os episódios II e III poderiam ser amplamente exploradas. Daí surgiu a idéia de se fazer uma nova série, agora em animação computadorizada, explorando melhor o potencial desse aspecto da franquia.

O Cavaleiro Sombrio e a menina prodígio

O longa que chega agora aos cinemas é uma compilação do primeiro arco de episódios da nova telessérie. A guerra está cada vez mais acirrada entre a República e os Separatistas, com ambos os lados percorrendo a galáxia em busca de apoio. A fim de conseguirem forjar uma aliança com o poderoso contrabandista Jabba – o Hutt – os Republicanos enviam o cavaleiro jedi Anakin Skywalker em uma importante missão. Junto a ele, uma companhia inesperada e mal recebida: a jovem Ahsoka Tano, escolhida para ser aprendiz (padawan) do impulsivo herói. No seu caminho, eles serão perseguidos pelo sinistro Conde Dookan e sua principal assassina, Asajj Ventress, que tentarão a todo custo frustrar seus planos.

"Poder do Mito"? O negócio de Lucras agora é cores, luz e sons de combate

A introdução da nova personagem, Ahsoka Tano, gera sentimentos dúbios. Ver Anakin lidando com uma padawan pode parecer estranho inicialmente, mas faz sentido ao percebermos que essa missão foi dada para que ele aprendesse a lidar melhor com a responsabilidade de seus atos. Quando interagem, porém, a dupla fica parecendo mais um casal de irmãos trocando farpas e competindo entre si, apesar da inegável empatia. Uma decorrência engraçada do surgimento de Ahsoka nos faz pensar: levando em conta o fato de que ter sido a única aprendiz de Anakin é algo relevante, o que deve ter ocorrido com ela para que sequer fosse mencionada nos outros capítulos da saga? A resposta mais convincente que me vem à mente só pode ser “um fim extremamente trágico” (me desculpem crianças).

A melhor fase cena do videogame filme


E por falar em diálogos e relações, é na hora que os sabres são apagados que surge o principal defeito da animação. A expressividade facial e de movimentos sutis estão muito aquém do que vemos hoje em dia em produções 3D para cinema. Um mergulho mais a fundo nos fundamentos das obras-primas da Pixar e até mesmo de clássicos 2D da Disney trariam um ganho neste sentido. Por outro lado, o visual cartunesco e altamente estilizado é um ponto positivo que ameniza tais características.


Clone Wars está muito distante de ser uma peça relevante para a hexalogia de filmes. Seu objetivo é claramente proporcionar uma boa dose de aventura que gere expectativa para a nova série animada, na qual o diretor insiste que a trama terá maior destaque. Com o espírito despretensioso de quem gostaria de revisitar velhos lugares e presenciar uma boa ação jedi, o espectador deverá sair satisfeito do cinema. As seqüências de combate envolvendo os Clone Troopers e, principalmente, a cena da batalha na montanha são realmente sensacionais. Quanto àquela sensação de sair do cinema cativado por personagens inseridos numa saga realmente heróica, ainda não foi dessa vez que Lucas fez jus ao próprio legado.


Nota: 6,5/10 (Se tiver a paciência de remover as anchovas, a calabresa dá pro gasto)

Por Diego Araújo

sábado, 2 de agosto de 2008